15 de maio de 2010

Poema: A morte Inventada


Qual será o meu limite? Até onde eu posso ir?
Passamos por aqui inúmeras vezes, minha filha e eu.
Ainda hoje encontro pegadas de sorrisos, encontro também um rastro de conversa boa com pedaços de estórias espalhadas.
São palavras e letras caídas pelo chão.
Brincando riscamos quadrados na terra.
Pulamos desequilibrados num pé só até chegar no céu e chegamos.
Brincamos de correr de costas. O segredo é olhar pra frente para vencer.
Eu sempre perdi.
Nas corrida de folhas ela vencia e perdia.Algumas vezes nós dois empatávamos, perdendo.
Nossas folhas ficavam encalhadas numa pedra ou coisa parecida.
Brincamos de correr e congelar, de estátua. Quem mexesse perdia.
Nessa brincadeira incluímos um novo amigo. Os três a congelar: eu, ela e o tempo, que não entendeu as regras do jogo e seguiu correndo. Depois foi ela que correu. E eu fiquei ali congelado. Todo mundo perdeu.
Só agora, a essa altura da vida fui conhecer o mais amargo dos sentimentos.
A injustiça, é uma onda de 10 metros que te arranca de dentro de si e faz tudo se apagar.
Falta chão, falta ar, falta voz. Você perde o plumo, perde o rumo. Não sabe mais pra onde fica o céu. Por eternos três segundos, você prova o terrível gosto da água do mar, o gosto do sal, da areia e da morte.
A razão e os sentimentos submergem e aflora os seus mais profundos instintos. É você no avesso, primitivo, em carne viva. Esse sentimento veio morar comigo.
Julguei ter encontrado meu limite.
Nada, e ninguém me faria me perder de mim. Não mais brigaria. Mais uma vez estive enganado.
Do convívio levaram o fogão. Da ingenuidade, tiraram as rodas da frente. Do afeto roubaram a pilha. Mesmo assim eu estava pronto para o mínimo. Julguei ter encontrado o meu limite. Nada e ninguém me faria me perder de mim. Não mais brigaria. Ainda restava o mínimo. Um elo entre ela e eu. Único e suficiente, intocável. Isto nos bastava! Uma fresta para se ver, para se falar, para se ouvir, para sentir. Um elo entre ela e eu!
Mas esse elo virou fetiche, território de conquista.
Dele fizeram um adorno, ele ganhou uma orelha, ganhou as ruas e sumiu. Assim o nosso amor virou um brinco. E o elo se foi.
Em apenas um corte, 13 meses se passaram. Sem olhar sem ouvir, sem cheiro sem gosto e sem contato, sem sentido. No fim deste período meu papel mudou.. Como inimigo me vi diante de uma outra menina, que não aquela que não existe mais.
Em apenas um corte.
Tentei ouvir em todas as estórias um pedaço de minha própria estória. Tentei encontrar nas pessoas com quem conversei ,a palavra que eu não soube escrever, a voz que eu perdi.
A minha saudade é um longo corredor esfumaçado de hospital, com piscar de incontáveis vagalumes de ontem. Em alguns casos para se chegar a cura basta levantar a camisa e mostrar onde dói, em outros tem que arregaçar a pele. E mostrar onde dói.
Aqui não cabem nem as palavras, nem o grito, nem a raiva, nem a saudade, nem a angústia, nem o eu.
Qual será o meu limite?
Até onde eu posso ir? Passamos por aqui inúmeras vezes, minha filha e eu.
Ainda hoje encontro pegadas de sorriso. Encontro também um rastro de conversa boa, com pedaços de estórias espalhadas. São palavras e letras caídas pelo chão.
Brincando riscamos quadrados na terra. Pulamos desequilibrados em um pé só, até chegar no céu e chegamos.
Não brincamos de voltar no tempo, esse jogo nós não inventamos, mas posso inventá-lo agora. Regras e número de participantes. O vencedor pode ir ao passado e refazer as coisas que não deram certo, para depois voltar ao presente e descobrir de um jeito melhor que antes. Que as coisas ruins não passaram de um filme triste de cinema, onde basta acender as luzes e descobrir que tudo não passou de ilusão. Mas não foi.

Poema extraído do DVD: A morte inventada - Alienação Parental
Um filme de Alan Minas

crescer

Crescer é complicado!
Precisamos abandonar nossos caprichos, não podemos mais rolar pelo chão ou gritar pelas ruas, quando queremos um brinquedo que não podemos ter naquele momento. Muitas vezes esse comportamento deu certo, agora não dá mais!!
Temos que arrumar um outro jeito para conseguir o que queremos. E quando o que queremos não pode ser nosso, é preciso aprender a vê-lo, sem tocá-lo, sem senti-lo. Dizem que isto tem um nome: MATURIDADE. A capacidade de dominar nossos mais primitivos impulsos. Aprender a esperar , a dividir, a ouvir NÂO.
Viver é uma via de mão dupla. Caminhamos numa pista de olho no que vem pela frente. Nas curvas, vamos mais devagar, na reta aceleramos e sentimos o vento tocar forte em nosso rosto.
Morrer é parar no tempo, é não tentar, não errar, não emocionar, não querer.
Crescer é complicado! Mas também é fascinante! Começamos a passar por caminhos diferentes, agora sozinhos. É um misto de euforia e medo. Ansiamos tanto por andar sozinhos e de repente: o medo. Mas este é passageiro. Logo ele dá lugar a aventura, a descoberta, ao novo, ao inusitado. Cada vez que vencemos o medo, caminhamos e ampliamos nosso universo e aí, CRESCEMOS!!!

Marilene Barbosa Dias Meireles
Psicóloga

11 de abril de 2010

Um mais um é igual a três - Alienação Parental



A relação de uma família se inicia a dois .
O casal se conhece se apaixona, se casa, tem filhos e aí se desconhece.
Um novo instrumento, agora conhecido é a PAS – Síndrome de alienação parental.
Este tema é novo, teoricamente. Na prática sua utilização já alcança décadas. É preciso o relato, agora, de quem sofreu com este fato, para constatar o seu poder de destruição.
Os pais, enquanto guardadores ou supostos guardadores da integridade física, mental e emocional dos filhos muitas vezes, em defesa própria, utiliza de instrumentos sórdidos, silenciosos e devastores para com aqueles em que deveria cuidar. Podemos pensar, e as vezes até supor, uma certa inocência em suas atitudes, muitas vezes levada impulsivamente pelo seu rancor para com o ex-companheiro.
O certo é que, querendo ou não querendo, sabendo o que está fazendo ou não, as conseqüências são drásticas para vítimas e também para o autor. Então não custa nada sabermos mais desta!!
É muito comum que os pais esqueçam que seus filhos crescem. E que com isso, começam a perceber o mundo a sua volta, tiram suas próprias conclusões e que são imbatíveis em suas retaliações. Compreensível, pois lhes foi tirado o momento. Um momento não pode ser retomado, ser revivido.
Há muitas justificativas bem intencionadas: “Eu fiz isso para o seu bem”.
Podemos cuidar, sem tirar o direito do outro: Cuidamos quando conversamos, quando somos disponíveis, quando acompanhamos, quando possibilitamos ao outro de ter uma opinião diferente da nossa, sobre um mesmo fato, uma mesma pessoa. Além de ser um cuidado, significa também crescimento. É entender que uma relação faz ao mesmo tempo, outras diversas ligações, cada uma com sua particularidade. Que relação de casal apesar de estar no mesmo contexto da relação de pais, estão em níveis diferentes e podem sim, serem vividos de forma diferente.
È concebível que uma pessoa seja uma ótima mãe, um ótimo pai, mas não sja uma boa companheira ou um bom companheiro.
Confundir tudo isso pode ser um passo para assumir comportamentos, que possam alienar o filho da sua relação com um dos seus genitores, na boa intensão de protegê-lo.
Como disse inicialmente, este tema ainda está recente em nossas cabeças, em nosso meio, vamos refletir juntos sobre esta prática e suas conseqüências.
Segue abaixo uma descrição sobre o que é Alienação Parental e como se processa .

Segundo Euclydes de Souza, alienação parental é a rejeição do genitor que "ficou de fora", pelos seus próprios filhos, fenômeno este provocado normalmente pelo guardião que detêm a exclusividade da guarda sobre eles ( a conhecida guarda física monoparental ou exclusiva).Levando em consideração que as Varas de família agraciam as mulheres, com a guarda dos filhos, em aproximadamente 91% dos casos (IBGE/2002), salta aos nossos olhos que a maior incidência de casos de alienação parental é causada pelas mães, podendo, todavia ser causada também pelo pai, dentro dos 9% restantes.Com o objetivo de ajudar aos pais a identificar quando é que seus filhos podem estar sendo vítimas da alienação parental, juntamos as seguintes situações que demonstram em menor ou maior grau o risco da rejeição paterna.
• ...”Cuidado ao sair com seu pai . Ele quer roubar você de mim”...
• ...”Seu pai abandonou vocês “...
• ...”Seu pai não se importa com vocês”...
• ...”Você não gosta de mim!Me deixa em casa sozinha para sair com seu pai”...
• ...”Seu pai não me deixa refazer minha vida”...
• ...”Seu pai me ameaça , ele vive me perseguindo”...
• ...”Seu pai não nos deixa em paz, vive chamando no telefone”...
• ...”Seu pai tenta sempre comprar vocês com brinquedos e presentes”...
• ...”Seu pai não dá dinheiro para manter vocês”...
• ...”Seu pai é um bêbado”...
• ...”Seu pai é um vagabundo”....
• ...”Seu pai é desprezível”...
Outras características de mães, ou pais, que induzem a alienação parental aos filhos:
• Cortam as fotografias em que os filhos estão em companhia do pai, ou então proíbe que as exponha em seu quarto.
• Pais que induzem a alienação parental, ao ser necessário, deixam seus filhos com babás, vizinhos, parentes ou amigos, mas nunca com o pai não residente, (mesmo que ele seja o seu vizinho), a desculpa clássica é: ” Seu pai está proibido de ver as crianças fora do horário pré-estipulado para ele “ , ” Seu pai só pode ficar com vocês de 15 em 15 dias. Foi o Juiz que disse “ ou “ Não permito, porque seu pai vai interferir na rotina da nossa família”
• Pais que induzem a alienação parental, normalmente são vítimas do seu próprio procedimento no futuro, sendo julgados pelos seus próprios filhos impiedosamente.
• Tem crises de depressão e agressividade, exercendo violência física ou psicológica sobre seus filhos.
• Fazem chantagem emocional sempre que possível, especialmente quando a criança está de férias com o pai não residente.
• Desaparece com o telefone celular que o pai dá para o filho.
• Costumam fazer denunciações caluniosas de agressão, ameaça, crimes contra a honra, etc.
• Agridem fisicamente o pai em locais não públicos, e imediatamente se deslocam para locais públicos, para forjar um pedido socorro por terem sido agredidas.
• Freqüentemente ameaçam mudarem-se pra bem longe, os Estados Unidos ou uma cidade bem longe.
BIBLIOGRAFIA: SÍNDROME DE ALIENAÇÃO PARENTAL. Por François Podevyn ( podevyn.f@js.mil.be ) http://users.skynet.be/paulwil/pas.htm

2 de abril de 2010

Evolução

EVOLUÇÃO

O que seria de nós se não nascêssemos com ela impregnada em nós?
Por causa dela vivemos situações diversas: Pessoal; Afetiva; Profissional; Familiar...
O segredo não é ficar livre destas situações desagradáveis e sim, mergulhar nelas, senti-las, em todas as suas dimensões, usufruir delas ao máximo e criar estratégias de crescimento e EVOLUÇÃO.
Estamos aqui para evoluirmos, para aprendermos. Para isso é preciso desenvolver uma capacidade de auto avaliação, percepção e a partir daí, AGIR.
Inicialmente a ação é INTUITIVA, como uma criança que brinca pela 1ª vez com sua bola, explorando seu brinquedo e se maravilhando com seu bate e volta descoordenado. Aos poucos percebe que não vale somente agir, mas agir com estratégia. E, novamente, como a criança, descobre que pode criar brincadeiras incríveis e infinitas, sozinha, com o outro e como os outros. É fascinante!!
E as relações afetivas, como se comporta neste terreno evolutivo? Relacionamos socialmente e afetivamente com o mesmo objetivo evolutivo. Aqueles que incomodam são rechaçados.
Na verdade, não deveria ser assim, pois eles apontam as áreas frágeis. E aí o que acontece? Não gostamos e acabamos nos esquivando e buscando o conforto, a cumplicidade. A diversidade de idéias é que amplia a existência, que fornece elementos preciosos de evolução, que dá o suporte que nos fará mais fortes.
As relações afetivas, especificamente, o CASAMENTO, proporciona uma vivência rica de experiências, ora agradáveis, ora não. É rica, pois possui uma rede de relações íntimas que nos atravessa de forma perpendicular e ao mesmo tempo linear, causando sensações de cumplicidade, de alegria, de decepções...
Na sua forma perpendicular é a História já vivida, que viaja na História mítica, apresentando suas raízes, apontando o potencial e as dificuldades, dívidas e heranças a serem resgatadas.
Na forma linear trata-se da estória construída hoje, que nos remete ao que fomos, de que forma fomos e o quanto precisamos fazer para alcançar o que queremos.
Transitar de relacionamento em relacionamento, é uma forma de buscar completude e satisfação, mas corre-se o risco de cair na mesma rede. É importante buscarmos o caminho interno da reflexão, do conhecimento sobre nós e sobre nossa estória.
Marilene Barbosa Dias Meireles
Psicóloga